sexta-feira, 5 de junho de 2009

a pena e as penas

Há dias em que pesa a pena.
Há tempos em que pesa a vida.
A própria existência é um punhal;
massacra, fere, tolhe
e confunde-se a vontade de estar vivo
com a de nunca ter nascido.

Não importa o céu azul,
não importam as crianças brancas, mimadas e felizes,
nem as festas nos bares,
nem os altares nas catedrais.

Tudo vazio,
tudo vão,
tudo oco.

Passa o dia,
passa a barca,
passam os transeuntes,
pára o tempo.

No fundo do quarto escuro,
um cobertor e um par de olhos escancarados.
O corpo inerte;
a alma transcendente;
as mãos frágeis.

Os lábios secos balbuciam algumas palavras,
tremem pelo frio,
temem pelas penas.

"O que será que me dá?
Que me bole por dentro,
será que me dá?...

Vem, Pai eterno,
me sustentar!...


¹incidental: Milton Nascimento e Chico Buarque, O que será (À Flor da Pele)

Um comentário:

Lília Marianno disse...

O tamanho da cabeça não é nossa única afinidade... rs.

Vai aqui um pedacinho de um dos meus poemas, postado no meu blog.

Um beijinho.


...
Sim, o céu é obra das Suas mãos
E é aqui que encontro paz no meu coração
Quero voar num nível mais alto
Obcecado pela grandeza do Criador
Com pés saltitantes de corças
Ou asas fortes de águia
Desprendidos das tristezas da vida

As nuvens passam por baixo de mim
Só tenho relances do mundo lá em baixo
Mas aqui em cima meu coração entende
a ternura e a graça do Pai
Teimosia pura em encontrar bondade humana.
E quando alguém faz o bem a outro ser
Sorridente ela se satisfaz.

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