sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Gaia e Cloud Atlas

Enquanto novamente escuto, embevecido, o álbum Gaia (2000), de Nilson Chaves, após ter assistido ao intrigante filme A Viagem¹ (2012), penso que a humanidade esteja cada vez mais distante da conexão original com a Terra – e com o seu Criador, a quem muitos como eu insistem em chamar de Deus –, o que traz enormes problemas na atualidade e anuncia um futuro de consequências catastróficas.

Opto pela poesia. Opto pelas utopias. Pelas relações simples de trabalho, de amizade e de amor e procuro aprender mais e mais os segredos da vida eterna e simples.

Que o Criador tenha misericórdia de nós.

___
MONÓLOGO DO ÍNDIO
Nilson Chaves

Perdido de mim, não sei,
não sei ser mais o que sou
e nunca poderei deixar de ser.

De mim me perco e esqueço
do que sou na precisão,
que já tenho de imitar
aquilo que os  brancos são.

Uma apenas tentativa
inútil que me dissolve
na dor que não me devolve
o poder de me encontrar.

Já desmembrado da glória
radiosa de conviver,
já perdido o parentesco
com a água, o fogo e as estrelas,
já sem crença, já sem chão,
oco e opaco, me converto
em depósito dos restos
impuros do ser alheio.

Resíduo de mim, a brasa
do que já foi me reclama,
como a luz que me conhece
de uma estrela agonizante
dentro do ser que perdi.

___
1. Cloud Atlas – Dirigido por Tom Tykwer, Andy e Lana Wachowski. Ano: 2012.




Dádiva

Nilson Chaves

Nada mais índio do que este astro,
nada mais astro do que este índio,
nada mais âmago, nada mais mago,
nada magoa, algo nagô.

Nada mais rastro do que estes passos,
nada mais pelos espaços indo,
nada mais ávido, nada mais lindo,
nada mais digno, gnomo, gnu.

Nada mais nave do que este disco,
nada mais disco do que esta nave,
nada mais ovni, nada mais new,
nada mais love ou vinil,
nada mais leve do que o voo da ave,
do que ouvi-lo em silêncio,
no silêncio do óvulo.

Nada mais vida do que este parto,
a dádiva viva na Era de Aquários,
nada mais grávido, nada mais vivo,
nada mais groove, indigo blue.



quinta-feira, 24 de outubro de 2013

para Ceumar Coelho
para Macapá

Cá, no meio do mundo,
a vida corre mansa,
como beira de rio.

Cá, no meio do mundo,
os homens dão bom-dia,
as mulheres dão sorriso.

Cá, no meio do mundo,
há um cais, uma praça, uma fortaleza,
onde a vida se faz de adeuses e olás.

Cá, no meio do mundo,
o dia é mais quente,
o vento, mais forte,
os rios, mais largos,
as noites, mais calmas,
as amizades, mais profundas.

Cá, no meio do mundo,
onde não há começo nem fim,
a vida, a gente inventa.
O dia, a gente faz.

E o rio, a gente admira...
admira...
admira...

---
André Coelho
Macapá, 24 de outubro de 2013




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Olhar do Estrangeiro

- Os indivíduos estão se transformando em personagens.
- A repetição ao infinito banaliza as imagens, transformando-as em clichês.
- A velocidade provoca um achatamento da paisagem.
- A arquitetura perde espessura.
- Entramos na era da produção do real.
- Aqui tudo é linguagem, signo.

Nelson Brissac-Peixoto

---
Se você ainda não criou seu personagem, pare e reflita: você existe?

.
.
.
.
.
.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

[DES]ENCONTRO

para Davi e Daniel Coelho

Que dos adeuses
restem apenas os olás
e da saudade
os abraços trocados.
Que tornem-se braços dados
os acenos
e sejam plenos
e sagrados:
palavra, dor e sentimento
que se haja trocado.

Que a tristeza do afastar-se
sirva apenas para lembrar
que houve o encontro
e que a saudade
se torne, não choro,
mas um trazer para perto
o que se foi.

Que amigos sejam irmãos.
Que irmãos sejam um só.
Para que não haja desencontro.

---
André Coelho
Macapá, 15 de julho de 2013




Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Postagens mais populares