André Coelho
24.09.2007, 14h00min.
está muito quente agora. olho pela minha janela do apartamento e vejo um céu nublado. mamãe acaba de telefonar do jardim botânico, dizendo que a temperatura está caindo, e que parece que a chuva vai desabar a qualquer momento por lá. a previsão é de queda de temperatura, 10 a 15 graus. agora deve estar uns 35°C.
setembro no sul e sudeste do Brasil é tempo de vida nova, simplesmente porque é quando voltam as chuvas, que foram embora desde junho. neste momento, tudo ainda está muito seco e quente, muita poeira, plantas mortas, grama marrom.
há uma canção do grupo brasiliense Céu na boca que compara as chuvas de setembro a Jesus, Água da Vida, que seca a fome, acaba com as cinzas da vida e não se acaba, não se acaba.
nem quero comentar o quanto meu setembro do ano passado foi diferente. 2006 foi todo diferente, foi um ano de atravessar deserto, colocar o rosto no pó, chorar e esperar o tempo de Deus.
e parece que o tempo de Deus chega, junto com a chuva deste setembro, molhando, banhando, trazendo vida verde e sol gostoso de suar.
lá fora, no céu do Estácio, nuvens cada vez mais grossas. o vento, que ainda agora batia portas e levava cortinas, agora parou. na rua, um silêncio e poucas pessoas fora de casa – carioca tem cuíra com chuva; não gosta, fica deprê.
mas eu sou do norte, sou índio, e gosto do cheiro que a chuva traz. minhas narinas já sentem de longe o cheiro que conheço muito bem, e não preciso nem olhar de novo pela janela pra saber que ela não tarda.
não preciso nem olhar de novo pela janela da minha vida
pra saber o quanto a chuva está próxima;
é água de beber e de banhar, de encharcar.
água fria de igarapé com chuva,
cercado de árvores vivas.
água viva.
--
25.09.2007, 2h00min.
choveu.
agora faz 19°C.
e chove, e chove,
chove sem parar...
os montes, ah! os montes... / contam histórias tão distantes / de açaizeiros, igarapés, / dos tempos de antes, / lembranças, sussurros e saudades / aos montes. (Minas Gerais, rodovia Rio-Brasília, 20 de dezembro de 2005)
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3 comentários:
Sendo um carioca da gema, tenho que concordar plenamente com a Adriana Calcanhoto quando ela diz que "Cariocas não gostam de dias nublados" rsrsrs. Gosto do sol, mas aprendi a admirar a chuva contemplando o mar agitado, o vento forte e as nuvens encobrindo as montanhas do Leblon. Neste momento eu vi como o Rio continua lindo, ainda que debaixo de tempestades.
Um grande Abraço,
Marcos Vichi
P.S.: Qual é o signficado de cuíra?
Ah linda chuva...nao da pra espressar o quanto sentimos falta da chuva do Para!
Olá André,
Valeu pelo esclarecimento sobre a palavra cuíra..
É muito interessante ver o quando as nossas percepções são afetadas pela nossa origem cultural e pela terra onde nascemos. Isto é uma coisa que fica impregnada na alma, e servirá de referência aonde quer que estejamos.
Um dia de sol me anima. Várias vezes eu acordei cansado num dia de folga e quando abri a janela e contemplei o sol radiante, o céu azul e sem nuvens. Decidi sair somente para aproveitar o momento.
Gosto de ver o sol do final da tarde porque ele ressalta as cores das árvores, das montanhas, tornando-as mais vivas. Até os prédios ficam mais bonitos. As praias ficam cheias de pessoas fazendo a sua caminhada, passeando com os cachorros ou simplesmente bronzeando-se deitadas na areia. O horário de verão me agrada porque o sol nasce enquanto estou dormindo e se põe depois das oito, fazendo o dia ficar mais comprido.
Eu nunca deixei de ir à praia só porque o tempo estava nublado, não sei se já fui com chuva, mas lembro-me de um retiro onde choveu durante os quatro dias e eu inaugurei a piscina, sendo seguido por um monte de gente doida para encontrar algo para fazer.
Quando morei em São Paulo, a chuva quase sempre chegava ao final da tarde, perto da hora do rush, o que significava engarrafamento e várias horas a mais para chegar ao lar doce lar. Ainda bem que eu morava bem perto do trabalho e podia ir a pé para o escritório. Quando fazia sol, eu lembrava da praia distante, mas a realidade me chamava de volta e eu pensava: Vou aproveitar este calor e colocar as roupas para lavar, assim elas vão secar bem rápido.
Em Piraúba - MG, a chuva chegava repentinamente e desabava, como uma tempestade. Quando as nuvens secavam, desapareciam do céu. O sol, então, iluminava a terra vermelha das montanhas ao redor da cidade que ainda exalava aquele cheiro característico da chuva, que lhe é tão familiar.
Um grande abraço,
Marcos Vichi
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