terça-feira, 10 de agosto de 2010

A vida dos Incas: arte e ciência



A cultura inca — resultado da mistura das culturas preexistentes na região andina — era muito rica, principalmente no que se refere à arte, intimamente ligada à ciência, à religião e ao cotidiano.

A ourivesaria inca possuía caráter funcional e ornamental; o desenho das peças, aspecto de desenhos geométricos. O figurativismo das estatuetas de metal era bem estilizado, tendo a cabeça mais trabalhada que o restante do corpo. A prata era um dos metais mais apreciados para as peças suntuosas, embora se tivesse conhecimento de metais como o ouro. Nessa arte, destacam-se também as facas de sacrifício.

A cerâmica e estamparia caracterizavam-se pela falta de exagero e opulência, assim como pela presença do irregular ou assimétrico. A diversidade de cores propiciou às obras mais vida, com preferência aos tons de terra e ocre.

As construções arquitetônicas incas, apesar da austeridade em relação às dos maias e astecas, não possuem hoje ornamentos esculpidos, o que se deve principalmente ao fato de os espanhóis terem extraído os trabalhos de escultura em ouro que revestiam as paredes dos aposentos internos.

Mas o que marcou, sem dúvida, a arquitetura inca foi o trabalho com a rocha; obras civis de pouca importância, fortalezas, torres, templos, palácios e edifícios do governo tinham em suas estruturas pedras arduamente trabalhadas e esculpidas pelos trabalhadores incas. Tais pedras eram constituídas do mais puro granito branco e seus vértices esculpidos em diversos ângulos (de até 40 graus) de tal maneira que os blocos se encaixassem perfeitamente uns nos outros sem a utilização de argamassa ou cimento e que o espaço entre um bloco e outro fosse impenetrável mesmo pela mais fina lâmina. As pedras, para que pudessem resistir aos freqüentes tremores de terra, tinham forma trapezoidal e eram tão pesadas que chegavam a atingir três toneladas.

Não se sabe, entretanto, o tipo de instrumento utilizado na construção das cidades incas, já que não há vestígios de ferramentas ou rodas. Hipóteses criadas pelos próprios nativos da região dizem que tais ferramentas seriam constituídas de hematita oriunda de meteoritos. Todavia, segundo os cientistas, essa hipótese é um tanto improvável.

É incontestável a engenhosidade de certas construções incas, como por exemplo os canais que transportavam água a poderosas cisternas, para que fosse enfim armazenada sem desperdícios, ou mesmo os diversos níveis de terraços, nos terrenos íngremes da região, que permitiram um melhor aproveitamento da terra para a agricultura.

Sabe-se que as maiores e mais famosas cidades-fortalezas da civilização inca são Sacsahuamán e Macchu-Picchu. Essa última é conhecida como “cidade perdida dos incas”; é um complexo de templos, palácios, observatórios e residências das classes governantes.

A posição privilegiada de Macchu-Picchu permitiu aos incas a execução de profundos estudos científicos e muitos cultos religiosos, principalmente no que se refere ao sol. Por isso, a cidade era considerada um verdadeiro santuário.


Dentro de seu conjunto arquitetônico, formado por mais de 200 edifícios, destacam-se o Observatório Solar e dois grandes templos: o Principal e o das Três Janelas.

No Observatório, encontra-se a Intihuantana (“lugar de pouso do sol”), uma pedra sagrada que tinha como objetivo o culto ao deus Sol (“Inti”), e que servia como instrumento científico para as observações astronômicas e cálculos meteorológicos sobre a forma redonda do céu que ajudavam a prever a época propícia para a colheita.

No Templo Principal, destaca-se um edifício semicircular com três metros de diâmetro por dois e meio de altura, constituído por enormes blocos de granito. Essa construção demonstra o alto nível arquitetônico atingido pelos incas,  já que a técnica do trabalho com círculos veio a se desenvolver tardiamente.

O Templo das Três Janelas é bem parecido com o Templo Principal quanto à estrutura, com seus blocos perfeitamente talhados. Sua planta baixa é quadrada e apresenta apenas três janelas (por isso o nome dado a ele).

Supõe-se que as mais importantes cidades incas possuíam um Templo do Sol — abrigo para as Virgens do Sol (“acllas”), mulheres escolhidas para executarem serviços reais nos Templos e durante os rituais — além de um Palácio Real.

A cidade de Macchu-Picchu foi conservada em segredo pelos imperadores incas afim de evitar contato com os conquistadores espanhóis. Transferiu-se, então, a civilização para as cidades de Victos e Vilcabamba. Até a sua revelação ao mundo pelo historiador Hiram Bigham, Macchu-Picchu permaneceu intocada. As geleiras, selvas equatoriais e fortes correntezas dos rios colaboraram para tal conservação.

Há uma hipótese sobre a maneira com a qual foram construídas as cidades incas que supõe terem os engenheiros e arquitetos dessa época se baseado em observações astronômicas para definir os locais e posições exatos para erguer os prédios.

Os conhecimentos de Geometria e Geografia adquiridos pelos cientistas incas foram provavelmente utilizados nas construções de cidades famosas como Macchu-Picchu, Cuzco e Ollantaytambo, assim como devem ter servido para determinar as melhores épocas de plantio e de colheita, uma vez que os incas possuíam uma agricultura de subsistência tão avançada que superava a européia do mesmo período.

Acontece que, para o posicionamento de determinadas construções, como os prédios da cidadela de Macchu-Picchu, os incas deveriam saber a exata localização dos pontos cardeais e, para isso, saber o local exato do nascer e do pôr do Sol no horizonte nos dias de equinócios. Como eles poderiam sabê-lo, já que a cidade é rodeada pela Cordilheira dos Andes e não se pode ver o sol tocar o horizonte? Talvez o tenham feito através de observações sistemáticas do movimento do sol no céu.

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